Numa corrida entre bicicleta, ônibus, barca, moto e carro, qual deles você acha que venceria? O GLOBO-Niterói fez o teste e, neste caso, acertou quem levou mais fé nas pedaladas. A bicicleta foi o meio de transporte mais rápido no trajeto entre a Praia de Icaraí e a redação do GLOBO, na Cidade Nova, no Rio. O desafio - encarado simultaneamente por cinco repórteres - foi o mesmo enfrentado diariamente por 30% dos niteroienses, de acordo com estatísticas da prefeitura. A batalha para atravessar a Baía de Guanabara ficou ainda mais dura com o fechamento da Perimetral, em janeiro, e do mergulhão da Praça Quinze, no domingo, além das mudanças na Avenida Rio Branco. E a situação se agravou com a pane dos sinais no Centro do Rio na última quinta-feira, justamente o dia agendado para o teste.Os repórteres partiram da Praça Getulio Vargas, na Praia de Icaraí, às 7h35m, cada um usando um meio de transporte (moto; ônibus direto; carro; bicicleta-barca-bicicleta; e ônibus-barca-ônibus). O destino final era a redação do GLOBO, na Rua Irineu Marinho. Depois de uma hora e oito minutos, chegou, pedalando, o primeiro jornalista, para surpresa de todos. Ele pegou a barca das 8h, embarcando com sua bicicleta. Chegou à Praça Quinze e pedalou pelas ruas do Centro até a sede do jornal. Cinco minutos depois, foi a vez do repórter de moto.
O terceiro a chegar foi o jornalista escalado para ir de barca. Ele pegou um ônibus até a Estação Araribóia, entrou numa embarcação e seguiu, em outro ônibus, da Praça Quinze à Cidade Nova. O percurso durou uma hora e 16 minutos.
O automóvel foi o quarto, completando o trajeto em uma hora e 33 minutos. Por último, chegou o repórter que usou um único ônibus para fazer a travessia. Sua viagem durou exatamente duas horas, praticamente o dobro do tempo obtido pelo colega que utilizou uma bicicleta.
O martírio enfrentado pelo repórter que andou somente de ônibus é o mesmo de Felipe Florêncio, que viaja todo dia de Pendotiba a Botafogo. Já Bruno Varela decidiu trocar o ônibus pela bicicleta: além de economizar dinheiro, ganhou em qualidade de vida.
O resultado do teste surpreendeu a professora da UFRJ e especialista em mobilidade urbana Eva Vider. Para ela, foi positivo a bicicleta ter sido mais rápida, mesmo com a falta de ciclovias no percurso:
- Essa experiência prova como seria interessante vermos ciclovias seguras e bem feitas conectando cidades ao transporte de massa. Em Niterói, isso poderia ser implantado em Icaraí, Santa Rosa e bairros próximos às barcas.
O secretário de Transportes do Rio, Carlos Roberto Osório, ressaltou que deve ser considerada a pane de sinais de quinta-feira, mas incentivou alternativas para o transporte rodoviário. Durante a semana, a CCR Ponte, que administra a Rio-Niterói, registrou picos de trânsito na segunda e na própria quinta-feira. A lentidão, comum até as 9h, se arrastou até a hora do almoço. As barcas registraram um aumento na demanda de 33%.
- Acho ótimo que a bicicleta tenha chegado primeiro; mostra que há espaço para o transporte alternativo. Niterói é um município altamente motorizado, precisa criar alternativas - disse Osório, acrescentando que, na sua opinião, as barcas são o meio de transporte ideal para o passageiro de Niterói.
Quem também considerou o resultado do teste positivo foi o coronel Paulo Afonso, presidente da Niterói Transporte e Trânsito (NitTrans). Ele afirmou que está em curso o desenvolvimento de um plano de transporte cicloviário para a cidade, a ser implantado por meio da Operação Urbana Consorciada (projeto de reurbanização do Centro).
Para Nittrans, trânsito na Ponte não piorou
Apesar do suplício enfrentado diariamente pela população, Paulo Afonso acha que o fechamento do mergulhão da Praça Quinze não afetou o trânsito na Ponte Rio-Niterói:
- Apenas na quinta-feira, devido à pane nos sinais de trânsito no Rio, é que tivemos congestionamentos grandes na Ponte. Nos outros dias da semana passada, acompanhamos as operações e foi tudo normal.
O presidente da NitTrans disse ainda que nada pode fazer em relação às mudanças viárias no Rio. Ele garantiu que o órgão está apoiando quem opta pelas barcas, deixando de fazer operações para rebocar motos que estacionam sobre as calçadas no entorno da estações de Araribóia e Charitas.
Já o prefeito Rodrigo Neves tem outra visão: "A piora foi dramática na Ponte e o transtorno é absurdo. Dentro de Niterói, a circulação e o tempo de deslocamento não foram alterados, mas, a partir do momento em que se acessa a Ponte, não tenho dúvidas de que piorou sensivelmente a situação".
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