Por: O Globo
Quando centenas de crianças entrarem em um estádio de handebol, após as Olimpíadas, não pense que são atletas mirins antes de uma partida. É que, pela primeira vez, de olho nos Jogos Olímpicos de 2016, uma arena terá uma arquitetura nômade, permitindo que instalações esportivas temporárias sejam reaproveitadas e transformadas em quatro escolas municipais.
A grande diferença desse tipo de investimento é que os projetos já saem do papel programados para serem reutilizados. Isso diminui a chance de instalações esportivas se transformarem em elefantes brancos na cidade após os Jogos.— Nossa expectativa é construir uma arena de handebol como um lego, que depois das Olimpíadas possamos reorganizar, fazer a desmontagem e remontagem das estruturas. E o estádio de handebol é o primeiro projeto nesse gênero — explicou ao GLOBO a presidente da Empresa Olímpica Municipal, a economista Maria Silvia Bastos.
De acordo com a economista, o projeto ficará pronto no início do segundo semestre. Logo em seguida começam as obras, que devem ser concluídas em 2015. A arena de handebol será construída em uma área de 35 mil metros quadrados e terá capacidade para 12 mil espectadores, mas, segundo Maria Silvia, o orçamento para a obra ainda não está fechado.
A transformação da arena em escolas municipais deve acontecer no início de 2017. O prefeito Eduardo Paes, junto com a Secretaria municipal de Educação, está definindo o local das futuras instituições. Segundo a Empresa Olímpica, as estruturas das escolas poderão ser montadas em diferentes regiões do Rio. O projeto conceitual foi elaborado pelo escritório de arquitetura inglês Aecom, mas Maria Silvia ressaltou que esse sistema não foi usado durante os Jogos de Londres, em 2012.
Em busca da transformação
Entre os exemplos de reaproveitamento para as escolas estão as rampas e escadas pré-moldadas da arena, a serem usadas nos acessos e áreas de circulação, e a estrutura do telhado do estádio, composta por vigas metálicas e telhas com tamanho padronizado. A intenção é que outras construções provisórias também tenham um destino definido para depois dos Jogos.
— Depois de tantas Olimpíadas, chegou-se à conclusão de que é melhor transformar do que deixar sem uso. Barcelona, por exemplo, deixou um legado maravilhoso. Atenas, nem tanto. No mundo contemporâneo, tudo muda, tudo se transforma — comentou a arquiteta e professora da UFRJ Flávia de Faria, ressaltando, porém, o desafio de manter um projeto ousado para o futuro da cidade.
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