quarta-feira, 24 de abril de 2013

O Rio não pode parar!

Como fazer o Rio "funcionar" durante as Olimpíadas? Como não interromper o funcionamento de hospitais, órgãos públicos, trens, ônibus e metrô em dias de competição? Parece uma tarefa difícil para uma cidade do tamanho e porte do Rio de Janeiro. Mas, não é impossível. Durante as últimas Olimpíadas, ele teve a missão de garantir que Londres e outras 11 cidades onde houve competições continuassem a funcionar. Agora, o gerente de operações do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Londres 2012 e do Government Olympic Executive está no Brasil, para ministrar um workshop sobre megaeventos esportivos em Minas Gerais. No Rio, ele visitou o Sambódromo.

O GLOBO fez uma entrevista com John Tucker, responsável por manter Londres funcionando perfeitamente, tanto para moradores e visitantes durante as Olimpíadas de 2012. Veja a entrevista abaixo:

O GLOBO: Como foi a visita ao Sambódromo? Quais as suas impressões?

JOHN TUCKER: O objetivo da visita era entender melhor os planos para o entorno do local. Meu interesse particular é a integração entre os locais de competição, o sistema de transportes e demais atividades que acontecem no entorno, sejam olímpicas ou não, como hospitais, teatros, escolas. Cada uma dessas coisas tem impacto nos movimentos de espectadores dos Jogos. É muito importante que tudo esteja integrado. Minha visita foi animadora. O time de transporte estava lá, os arquitetos estavam lá, pensando coletivamente.

O GLOBO: Com que antecedência esse planejamento começou em Londres?

JOHN TUCKER: Esse nível de planejamento, para o entorno dos locais de competição, começou três anos antes do Jogos. Quanto mais cedo, melhor, porque, quando começamos, algumas decisões centrais já tinham sido tomadas, como, por exemplo, quais estações de trens seriam usadas.

O GLOBO: O senhor foi responsável por elaborar o plano de operação das cidades para os Jogos. Houve a decisão de interferir nos sistemas já estabelecidos nas cidades, como o de transportes?

JOHN TUCKER: Sim, todo o tempo. Mudamos os horários dos ônibus e trens para adequá-los às competições, colocamos trens adicionais e tivemos que trabalhar de perto com todos os serviços públicos, como a limpeza urbana.

O GLOBO: É comum no Rio que seja decretado feriado durante grandes eventos para evitar, por exemplo, grandes congestionamentos. Como o senhor vê esse recurso?

JOHN TUCKER: Fizemos algo em Londres chamado Gerenciamento das Demandas de Viagens. Tentamos convencer as empresas a deixarem seus funcionários trabalhar em casa em certos dias ou trocar horários. Conversamos também com revendedores e fornecedores de lojas, por causa das entregas. Se aconteciam sempre de dia e fossem ocorrer no dia do ciclismo de estrada, o entregador encontraria ruas fechadas desde cedo. Demos as informações para que eles pudessem se planejar.

O GLOBO: Como o senhor avalia o legado de Londres 2012?

JOHN TUCKER: Muito positivo. Planejamos o legado em várias áreas. Mas teve, claro, um legado físico: a recuperação de uma grande área do Leste de Londres, que era uma das mais pobres da cidade.

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