Por: O Globo
Enchentes, inundações e deslizamentos de encostas custaram cerca de R$ 50 bilhões ao estado do Rio na última década. O prejuízo causado por estes desastres climáticos foi estimado pelo Instituto de Economia da UFRJ.Coordenador do estudo, o economista Carlos Eduardo Young considerou a ocorrência de eventos extremos entre 2001 e 2010. Para isso, usou duas fontes. O Atlas Brasileiro de Desastres Naturais (ABDN) informou o número de pessoas afetadas, desabrigadas e desalojadas neste período.
O Banco Mundial, por sua vez, fez um cálculo inédito das perdas financeiras das inundações na Região Serrana em 2011. Os danos com infraestrutura, meio ambiente e setores sociais somaram R$ 4,7 bilhões.
— O desastre na Serra ocorreu em um período fora daquele que analisamos, mas forneceu uma avaliação que ainda não tínhamos: o custo econômico médio de uma tragédia — explica.
O ABDN registrou 557 casos de fortes precipitações e inundações no Rio entre 1991 e 2010. Mais de 90% (520) foram na segunda década estudada (2001-2010).
Os 520 episódios afetaram 3,4 milhões de pessoas. Cerca de 69 mil ficaram desabrigadas e 324 mil foram desalojadas. É importante ressaltar que uma mesma pessoa pode ter sido afetada em mais de uma ocasião.
— Hoje contamos com uma cobertura de informações maior do que na década de 1990. Desta forma, detectamos mais facilmente os eventos extremos — assinala Young. — Além disso, a densidade populacional nas áreas de risco aumentou. Temos mais pessoas morando em regiões vulneráveis aos desastres naturais.
Outra explicação possível, segundo o economista, seria atribuir os eventos extremos às mudanças climáticas.
— Esta ligação ainda é incerta, mas provavelmente ela pode ser combinada às outras razões — pondera. — É lamentável observar que, embora as autoridades conheçam o impacto desses desastres, ainda não invistam o necessário para combatê-los. A ajuda emergencial à Região Serrana, por exemplo, custou mais de R$ 3 bilhões ao poder público.
Os desastres naturais provocam múltiplos danos à economia, entre o deslocamento de pessoas afetadas à paralisação de atividades produtivas. A prevenção aos desastres naturais, por sua vez, contribuiriam para o desenvolvimento regional.
— A contenção de encostas e o reflorestamento trariam uma onda de investimento ao estado — diz Young. — O Rio precisa ser redesenhado. Ainda há muitas comunidades em regiões vulneráveis às tempestades, como o Morro dos Prazeres, em Santa Teresa, e a Rocinha.
Para o economista, o relevo peculiar do Rio, que alterna áreas de montanhas e baixadas, fará do estado um dos mais afetados pelas mudanças climáticas no Brasil. Além disso, ele está na convergência de duas regiões de diferentes características meteorológicas: o Sul e o Nordeste.
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