RIO - O Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos de 2016 enfrenta dificuldades para encontrar mão de obra especializada no mercado para preencher vagas abertas na organização do evento. A carência é maior por engenheiros e especialistas no gerenciamento de projetos. O problema foi revelado nesta quarta-feira pelo diretor-geral da Rio 2016, Leonardo Gryner, que já admite buscar especialistas no exterior.
- Hoje, nós temos 181 funcionários envolvidos na organização do evento, quando a previsão era que chegássemos a 274 nesta época. Como a economia brasileira está aquecida, faltam talentos no mercado. Os funcionários que estamos contratando estão sendo remunerados por um valor maior do que inicialmente prevíamos - disse Leonardo Gryner.
As vagas são oferecidas pelo site do Comitê Organizador ( www.rio2016.org.br ) e já estão abertas para profissionais estrangeiros. Gryner disse que tem se esforçado em contratar mão de obra local, mas americanos já foram chamados para postos-chave, como na diretoria comercial.
- Tradicionalmente, 20% a 25% da mão de obra contratada a cada edição das Olimpíadas é estrangeira por se tratar de pessoal especializado. No Rio, podemos chegar a 30% devido à falta de mão de obra. Com o real valorizado, os salários são atrativos após a conversão em dólares - disse Gryner.
Ao todo, a organização dos jogos irá mobilizar até 100 mil pessoas incluindo funcionários, pessoal terceirizado e voluntários. Deste total, até 4 mil pessoas serão contratadas pela organização.
Leonardo Gryner acrescentou que a primeira revisão-geral do orçamento do Comitê Organizador será divulgada em 2012, após os Jogos Olímpicos de Londres. Na proposta orçamentária encaminhada ao COI, a previsão era de que fossem gastos R$ 5,6 bilhões. Esse valor não leva em conta os investimentos em infraestrutura sob responsabilidade dos governos, que foram estimados em R$ 23,2 bilhões.
- Nessa revisão de 2012, levaremos em conta receitas que não eram previstas na candidatura. Uma delas é o lançamento de uma linha de selos e moedas comemorativas dos jogos. A receita dos patrocinadores locais também será maior do que a prevista porque, na candidatura, fizemos estimativas conservadoras - explicou Gryner.
Outra possível fonte de recursos são doações ao Comitê Organizador, que só devem começar em 2016. Pessoas físicas e jurídicas poderão destinar recursos ou serviços ao Comitê Organizador. As doações serão divulgadas no site da entidade.
No dossiê da candidatura, também havia a previsão de que União, estado e município arquem com até R$ 1,4 bilhão de despesas do Comitê Organizador, caso as receitas geradas não cubram as despesas com as Olimpíadas.
Leonardo Gryner explicou que, com os recursos disponíveis hoje em caixa, não haverá necessidade de investimentos públicos em 2012. Em 2011, também não houve necessidade de recursos púbicos. Enquanto não fechava os contratos com patrocinadores locais, o Comitê Organizador optou por pedir dois empréstimos no valor total de 40 milhões de dólares ao Comitê Olímpico Internacional (COI). A verba foi uma espécie de adiantamento do total estimado hoje de US$ 1,7 bilhão que o COI começa a repassar em 2012 como contribuição para a organização do evento.
- Nós precisávamos de recursos para prosseguir nos trabalhos. De início, tínhamos uma sobra de recursos dos patrocinadores da campanha. Mas não podíamos recorrer ao governo federal porque legalmente o Comitê Organizador sequer tinha sido constituído. E entre pagar juros mais altos pelo empréstimo numa instituição financeira brasileira ou os praticados na Suíça (a sede do COI fica em Lousanne), optamos pelos padrões suíços (bem mais baixos) - disse o diretor-geral da Rio 2016.
Por Luiz Ernesto Magalhães
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