Por: O Globo
O Ministério do Esporte estuda transferir as provas de canoagem slalom (praticadas em corredeiras) do Complexo Esportivo de Deodoro para o Parque Nacional de Foz do Iguaçu, no Paraná, nos Jogos Olímpicos de 2016. O objetivo da medida seria cortar custos e realizar as provas numa região com mais tradição na prática esportiva. No entanto, a proposta é polêmica: a Confederação Brasileira de Canoagem é contra e alega que existem dificuldades técnicas que inviabilizam a transferência. Além disso, a entidade lembra que, na candidatura, o Rio de Janeiro se comprometeu a receber todas as provas olímpicas e paralímpicas, com exceção das partidas eliminatórias de futebol.— A federação internacional também é contra. O circuito de Foz do Iguaçu fica num parque nacional dentro de Itaipu. Não tem sequer a profundidade exigida. Sem contar que a realização no Rio valorizará a canoagem slalom, que, como modalidade esportiva, deixou um grande legado em várias Olimpíadas. Em Londres, a raia foi a única instalação esportiva nova que permaneceu em funcionamento, sem interrupção, após os Jogos do ano passado. Em Barcelona, também foi um enorme sucesso — disse o presidente da Confederação de Canoagem, João Tonasini Schwertner.´
Prazos estão ficando apertados
O secretário nacional de Alto Rendimento, Ricardo Leyser, argumenta que as questões técnicas estão sendo analisadas. Ele quer saber se a mudança seria viável tecnicamente e também se os custos para montagem de uma logística olímpica fora do Rio compensariam.
— Foz do Iguaçu é um polo importante da prática do esporte. E todo o tempo a gente analisa o custo-benefício de cada investimento. Isso ocorreu com as quadras de tênis do Parque Olímpico da Barra, por exemplo. Fechamos que, em lugar de duas arenas permanentes, será apenas uma. Só aí economizamos R$ 25 milhões — disse.
A discussão ocorre com os prazos ficando apertados. Na segunda-feira, faltarão três anos para a cerimônia de abertura. O Complexo de Deodoro é justamente o projeto que está mais atrasado: segundo o Tribunal de Contas da União (TCU), as obras deveriam ter começado há 15 meses. Semana passada, num voto aprovado em plenário, técnicos do órgão alertaram que o atraso pode comprometer a qualidade das instalações e elevar custos. O Comitê Organizador Rio 2016, por sua vez, argumentou que negociou com o Comitê Olímpico Internacional (COI) um novo prazo para iniciar as obras em Deodoro: no primeiro trimestre de 2014.
O TCU também observou que o custo estimado das obras de Deodoro passou de R$ 1 bilhão, mais do que o dobro calculado pela candidatura. No local, estão previstas sete provas olímpicas e três paralímpicas em instalações ainda inexistentes ou que terão que sofrer adaptações. As intervenções seriam realizadas pelo governo do estado com recursos federais, mas recentemente houve um acordo para que a prefeitura assuma o gerenciamento dos projetos.
O prefeito Eduardo Paes disse que não se opõe à mudança de local.
— Queremos cortar custos e simplificar o projeto — disse Paes.
Também nesta sexta, Paes revelou que o Estádio Olímpico João Havelange, construído para os Jogos Pan-Americanos de 2007, terá que ser modernizado para as Olimpíadas. Os serviços serão executados em 2015 e incluem a implantação de novas pistas de atletismo e uma rampa de acesso para atletas paralímpicos. Na mesma época, serão feitas outras obras já previstas: instalação de 15 mil assentos extras (provisórios) e reurbanização do entorno, com a criação de uma nova praça, aproveitando antigos galpões da Rede Ferroviária Federal. Os custos do projeto ainda não estão definidos. De acordo com a prefeitura, as obras poderão ser realizadas com o estádio aberto. Devido a problemas estruturais, o Engenhão passa por obras de recuperação da cobertura e só será reaberto no ano que vem.
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