Com cones posicionados e nova sinalização valendo, o Centro do Rio passará nesta segunda por mais um teste de atenção e paciência para os motoristas e pedestres que circulam na região. Desde domingo, entrou em vigor o novo esquema de trânsito programado para minimizar os efeitos da interdição definitiva do Elevado da Perimetral, ocorrida no último sábado. Apesar das placas informativas e da atuação de 800 agentes de tráfego, a experiência de quem precisou circular pela Lapa entre a noite de sábado e o dia de domingo pôde ser resumida numa palavra: confusão. O secretário municipal de Transportes, Carlos Roberto Osorio, afirmou que o carioca terá lidar com os transtornos até 2016, admitindo que os congestionamentos serão inevitáveis. Já o prefeito Eduardo Paes reiterou o pedido para que os motoristas deixem os veículos em casa e priorizem o transporte coletivo ou a carona solidária.Pela manhã, Paes e Osorio percorreram parte do trecho de 1.689 metros da Perimetral que ainda não foi demolido. Durante todo o percurso, Paes fotografou cada prédio e monumento histórico que cruzava seu caminho:
— Vamos resgatar o patrimônio histórico e cultural do Rio. Definitivamente, o carioca não vai sentir a menor saudade da Perimetral. Mas todos devem se preparar para dias de trânsito complicado. Para que haja este resgate histórico, é necessário passar por esta etapa de transtornos.
Osorio, por sua vez, alertou os motoristas para os transtornos no trânsito.
— Provavelmente, segunda-feira será um dia complicado para o trânsito. Os congestionamentos serão inevitáveis. Nos primeiros dias de mudança, o cenário é sempre pior. As próximas semanas serão para acertar e fazer os ajustes. Mas teremos que lidar com transtornos até 2016, prazo para o fim da obra — afirmou Osório.
Segundo o Centro de Operações da prefeitura do Rio, agentes da CET-Rio concluíram a operação para mudar o trânsito nas ruas do Centro e da Lapa por volta de 9h30m. A Rua Uruguaiana passou a operar com a mão invertida, entre Rua Acre e Rua Buenos Aires. Já a Avenida Marechal Floriano trabalha em regime de mão dupla em toda sua extensão. A Avenida República do Paraguai teve as duas pistas com tráfego invertido no sentido Lapa. A Rua Teixeira de Freitas, entre a República do Paraguai e Avenida Augusto Severo, passou a funcionar no sentido Beira-Mar. As ruas do Passeio, no trecho entre a Luiz de Vasconcelos e Teixeira de Freitas, e Mestre Valentim, entre Teixeira de Freitas e Luiz de Vasconcelos, tiveram a mão invertida.
Etapa mais complexa e com mais alterações
Por causa das mudanças, o Centro perderá mil vagas de estacionamento, o que, segundo a prefeitura, corresponde a menos 2.500 carros circulando na região. Mesmo assim, Paes acredita que esta segunda etapa da interdição trará mais impactos ao trânsito da cidade:
— Apesar de na primeira etapa terem sido impactados um maior número de veículos, as mudanças foram mais simples. Esta etapa é mais complexa e com maior número de alterações no trânsito. Todos devem ficar atentos às inversões nos sentidos das vias e no itinerário dos ônibus.
Ontem, a prefeitura também deu início à campanha “Nosso Caminho”, para conscientizar pedestres sobre a importância do uso das passarelas e da travessia segura nas faixas de pedestres, além do respeito à sinalização de trânsito. A iniciativa será focada na Região Portuária e no Centro, em áreas onde estão previstas intervenções viárias em função da nova etapa de remoção da Perimetral.
Apesar da sinalização, motoristas tiveram dificuldade para acertar o rumo, e os passageiros de ônibus, de encontrar seu ponto. Na Lapa, a presença dos abrigos dos pontos na Rua Teixeira de Freitas complicou a vida dos passageiros. Nem mesmo um adesivo informando que o ponto fora desativado serviu de alerta para os mais desatentos. Depois de perder quase uma hora aguardando ônibus em dois pontos desativados na região, o universitário Fernando Rodrigues decidiu caminhar até o Centro para tentar pegar lá uma outra condução.
— Fiquei quase 30 minutos no ponto da Teixeira de Freitas e não percebi a alteração no sentido da via, nem o aviso do ponto desativado. Estou me sentindo perdido — reclamou.
O Elevado da Perimetral saiu definitivamente da rota dos motoristas na noite deste sábado. O único trecho que ainda estava em operação, entre a Avenida General Justo, no Aterro do Flamengo, e a Praça Mauá, foi interditado às 22h. O elevado teve sua primeira interdição no dia 2 de novembro do ano passado, quando a prefeitura começou a demolir um trecho nas proximidades da Rua Silvino Montenegro, na Gamboa. Era a preparação para a implosão do viaduto, que ocorreu no dia 17 seguinte.
Para dar vazão ao tráfego que fluía pelo elevado, a região ganhou uma nova via, a Binário do Porto. Também está sendo construída a Via Expressa, que substituirá a Perimetral, com 5.050 metros, três faixas em cada sentido e o maior túnel urbano do Brasil, com 3.450 metros.
Motoristas sofreram com mudanças no domingo
No primeiro dia das novas mudanças no trânsito do Centro, o carioca teve apenas um aperitivo do que deve enfrentar nesta segunda. Às 19h, motoristas que vinham do Aterro do Flamengo já enfrentaram um grande ponto de retenção próximo ao acesso fechado da Perimetral. Isso porque, com a interdição, todos os veículos que vêm pela Avenida General Justo são obrigados a seguir pela Avenida Alfred Agache em direção ao Mergulhão da Praça Quinze. A passagem entre as duas avenidas é estreita. Um carro e um ônibus não conseguem fazer a curva ao mesmo tempo. Isso deve piorar o fluxo, uma vez que, por ali, passam diversas linhas que saem da Zona Sul e seguem para o Centro e a Zona Norte.
Dois sinais de trânsito — um em frente ao Museu Histórico Nacional e outro próximo à Igreja da Candelária — deixavam o tráfego ainda mais lento na região no início da noite de ontem.
Os motoristas também sofreram com informações trocadas nas placas. No Aterro, na pista sentido Centro, no acesso ao Aeroporto Santos Dumont, uma placa nova indicava que para pegar a Avenida Brasil era necessário dobrar à direita. Outra, mais antiga, indicava o sentido oposto, pelo Elevado da Perimetral, agora interditado.
O entroncamento entre a Rua Teixeira de Freitas, no Passeio, e as avenidas Augusto Severo e Beira-Mar, também ficou bastante confuso, apesar da presença de 20 agentes de trânsito. No fim da tarde, um engarrafamento se formou ao longo da Avenida Beira-Mar, na altura da Praça Paris. A razão foi a diminuição do número de pistas de acesso à Lapa, de três para duas. Para tentar aliviar o problema, os ônibus eram desviados pela ruas Mestre Valentim, Luís de Vasconcelos e do Passeio, que tiveram a mão invertida.
O trânsito no Centro sofrerá mais alterações nos próximos dias. No próximo sábado, dia 1º, a Avenida Rio Branco, no trecho compreendido entre Avenida Presidente Vargas e Praça Mauá, vai operar apenas no sentido Praça Mauá. Já a partir do dia 8, a avenida passará a ter mão dupla, com duas faixas em direção à Candelária e três no sentido Aterro do Flamengo, e será exclusiva para ônibus e táxis. No mesmo dia, será interditado o Mergulhão da Praça Quinze.
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