Por: O Globo
Conforme avançam as obras de urbanização do Porto Maravilha, cresce também a preocupação com a proliferação do Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue. Em pelo menos dois pontos, leitores mostram que as intervenções na Zona Portuária acabaram dando brechas ao acúmulo de água parada.
O primeiro ponto de risco foi flagrado pelo leitor Bernardo Ramos na esquina das ruas Aníbal Falcão e Coelho Castro. No local, as novas calçadas trouxeram um piso nivelado, mas o vão deixado para o plantio de uma árvore não foi preenchido. Resultado: água acumulada e reclamações, inclusive por parte de operários.
— Quando parei para tirar a foto, um operário me abordou para perguntar o que eu estava fazendo. Expliquei sobre os riscos da dengue, e ele começou a falar que, assim como outros colegas, estava sofrendo com febre e cansaço excessivo — diz Bernardo.
O risco de proliferação do Aedes aegypti é confirmado pelo epidemiologista Edimilson Migowski, da UFRJ. Segundo ele, as paredes do vão podem servir como depósito para os ovos da fêmea do mosquito.
— O ideal é que não haja água acumulada em ponto algum. Nesse caso, por exemplo, poderia ser colocado um pouco de areia, o que evitaria que ela (a água) ficasse parada.
A solução sugerida por Migowski deve entrar em prática em breve. A Concessionária Porto Novo, contratada pela Prefeitura do Rio para as obras e serviços do Porto Maravilha, informou que irá fazer o plantio da árvore em até 20 dias. Enquanto isso, o buraco será preenchido com areia.
A poucos metros dali, o leitor Cicero Lima também está preocupado com a doença. Nas obras para o novo túnel da Rua Primeiro de Março, é possível ver um longo ponto de alagamento, onde a água se acumula em meio ao concreto.
Ali, ainda de acordo com Migowski, é o ambiente escuro que pode favorecer as larvas do mosquito. O médico explica que os locais com pouca luz são mais visados pelas fêmeas do Aedes aegypti na hora de depositar seus ovos. De acordo com a Porto Novo, o acúmulo de água no túnel é fruto de um lençol subterrâneo e será drenado conforme avançarem as obras de escavação e concretagem.
Embora o temor de contrair dengue ainda esteja presente na vida dos cariocas, o número de casos da doença caiu cerca de 45% na comparação entre a terceira semana de 2013 com o mesmo período do ano passado, quando foram registrados 5475 doentes. Neste ano, o número caiu para 3038 casos, sem nenhuma morte confirmada.
As obras da fase 1 do Porto Maravilha foram finalizadas em 1º de julho de 2012, ao custo de R$ 319 milhões. Porém, em outubro, o Eu-Repórter mostrou que alguns trechos de calçada já apresentavam defeitos, menos de três meses após a conclusão dos serviços. Além da pavimentação e reforma de passeios, foram trocadas as redes de esgoto, água, de telecomunicações e iluminação. A fase 2 do projeto Porto Maravilha, iniciada em junho de 2011, tem orçamento de R$ 8 bilhões no sistema de Parceria Público-Privada para 15 anos de obras e serviços.
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